terça-feira, 7 de junho de 2011

ARAL - RECEITA PARA ACABAR COM UM MAR

Mar de Aral era um lago de água salgada, localizado na Ásia Central, entre o Cazaquistão e oUzbequistão, e já foi o quarto maior lago do mundo com 68 000 km² de superfície e 1100 km³ de volume de água, mas em 2007 já havia se reduzido a apenas 10% de seu tamanho original, e em 2010 estava dividido em três porções menores, em avançado processo de desertificação.

A outrora próspera indústria pesqueira foi praticamente destruída, provocando desemprego e dificuldades econômicas. O recuo do mar também já teria provocado a mudança climática local com verões cada vez mais quentes e secos, e invernos mais frios e longos.

Com o fim da I Guerra Mundial havia a necessidade de aumentar a produção de alimentos. Havia também planos de se produzir algodão no deserto próximo ao lago. Em 1940 acelerou-se a construção dos canais de irrigação que captavam água dos afluentes do Mar de Aral. Já na década de 60, a maior parte do abastecimento de água do lago tinha sido desviado e o Mar de Aral começou a perder tamanho. De 1961 a 1970 o lago baixou 20 cm por ano, e essa taxa cresceu 350% até 1990. Em 1987, a redução contínua do nível da água levou ao aparecimento de grandes bancos de areia, causando uma separação em duas massas de água, formando o Aral do Norte (ou Pequeno Aral) e o Aral do Sul (ou Grande Aral).

A quantidade de água retirada dos rios que abasteciam o Mar de Aral duplicou entre 1960 e 2000, assim como a produção de algodão. No mesmo período, o Uzbequistão tornou-se o 3º maior exportador de algodão do mundo. Como consequência da redução do volume de água, a salinidade do lago quase quintuplicou e matou a maior parte de sua fauna e flora naturais. A próspera indústria pesqueira faliu, assim como as cidades ao longo das margens. Houve desemprego e dificuldades econômicas.

O Mar de Aral era alimentado simultaneamente pelos rios Amu Darya e Syr Darya, tornando-o um verdadeiro oásis no deserto da Ásia Central. O governo soviético começou a desviar parte das águas dos riios que alimentavam o Mar de Aral em 1918. No século XX os dois rios passaram a receber lixo, esgoto e poluentes com o desenvolvimento das comunidades próximas, e foram alvo de sucessivas drenagens pelo governo das repúblicas soviéticas da Ásia Central. A partir de 1920 o fluxo dos rios diminuiu consideravelmente.

As poucas águas do Mar de Aral também ficaram fortemente poluídas, em grande parte como resultado de testes com armamentos e projetos industriais, (em 1948, se construiu um laboratório secreto de armas biológicas soviético na ilha localizada no meio do mar de Aral) e o uso maciço de pesticidas e fertilizantes. As pessoas passaram a sofrer com a falta de água doce e as culturas na região estão sendo destruídas pelo sal depositado sobre a terra. Nos últimos anos, o vento tem soprado sal a partir do solo seco e poluído, e causado danos à saúde pública. A população, perto do Mar de Aral tem uma alta incidência de certo tipo de câncer e doenças pulmonares, possivelmente devido a alterações no DNA.

O ecossistema do Mar de Aral e dos deltas dos rios que deságuam nele está praticamente destruído, em grande parte pela alta salinidade. A contração do mar fez extensas planícies cobertas com sal e produtos químicos tóxicos, que são levadas pelo vento para as áreas habitadas. A floresta que cercava suas margens praticamente acabou. Cerca de 80% das espécies de animais desapareceram.

A situação do Mar de Aral e sua região é descrita como a maior catástrofe ambiental da história. É também referida como a “Chernobil Calada”, uma catástrofe silenciosa que evoluiu lentamente, quase imperceptivelmente, ao longo das últimas décadas.


Há duas vertentes que pretendem explicar o processo de desertificação:

  1. Fenômeno Natural: o Mar de Aral estaria morrendo naturalmente devido a fatores climáticos e geológicos (vertente defendida oficialmente pelo governo soviético no início do fenômeno);
  2. Fenômeno Antropogênico: o desvio das águas dos rios que desembocam no Mar de Aral estaria causando o problema (vertente consensual defendida atualmente).

Alguns peritos do governo soviético consideraram, na época, como “erro da natureza” o que estava acontecendo com o Aral. Um engenheiro soviético declarou, em 1968, que era “óbvio para todos que a evaporação do Mar de Aral era inevitável”, confirmando a tese de causas naturais. Contudo, já se sabia das manobras da União Soviética com as águas e das prováveis consequências das ações. Um outro membro do governo soviético, o engenheiro Aleksandr Asarin, salientou que o lago estava condenado, explicando que aquilo “fazia parte dos planos quinquenais, aprovado pelo Conselho de Ministros e do Politburo. Ninguém, de menor patente, ousaria dizer uma palavra contradizendo os planos”. Tal afirmação, em 1964, contribui com a certeza de que o perecimento do lago não foi uma surpresa para os soviéticos, pois eles esperavam que ela acontecesse muito antes.

O Mar de Aral abrigou uma indústria pesqueira considerável que, no seu auge, empregava cerca de 40 mil pessoas e produzia 1/6 de todo o pescado da União Soviética. Ainda é possível encontrar os restos dessa época de farta produção. O leito do lago, sem água, transformou-se num cemitério para as grandes embarcações que operavam na pesca. Além do pescado, a região deixou de produzir 500.000 peles de rato-almiscarado por ano, uma vez que a caça predatória e a escassez de água contribuíram para o desaparecimento do animal dos deltas do Amu Darya e do Syr Darya.


O futuro do Mar de Aral é incerto. Não se sabe se é possível, viável e necessário recuperá-lo. Há diversas sugestões no sentido de ajudar em sua recuperação, tais como:

  • Melhorar a eficiência dos canais de irrigação;
  • Instalar estações de dessalinização de água;
  • Instruir os agricultores a usar menos as águas dos rios;
  • Plantar cultivares de algodão que necessitem de menos água;
  • Usar menos produtos químicos nas plantações;
  • Reduzir o número de fazendas de algodão próximas ao lago e afluentes;
  • Construir barragens para encher o Mar de Aral;
  • Desvio de água dos glaciares da Sibéria para repor a água perdida do Aral;
  • Redirecionar a água dos rios Volga, Ob e Irtich. Assim, se levaria de 20 a 30 anos para restaurar sua antiga dimensão, a um custo provável de US$50 milhões;
  • Diluir a água do Aral com água do oceano e do Mar Cáspio, através de bombas e gasodutos.

Atualmente, existe um esforço contínuo no Cazaquistão para salvar e recuperar o norte do Mar de Aral. Como parte deste esforço, um projecto de uma barragem foi concluída em 2005 e em 2008 o nível de água nesse local já havia subido doze metros a partir de seu nível mais baixo em 2003. A salinidade caiu e os peixes são encontrados em número suficiente para tornar a pesca viável. No entanto, as perspectivas para o mar remanescente do sul permanece sombria. Por razões econômicas, o sul do Mar de Aral foi abandonado à sua sorte. Em sua agonia, está deixando enormes planícies de sal, que produzem tempestades de areia, que chegam a lugares distantes como o Paquistão e o Ártico.

A tragédia do Mar de Aral foi contada no filme Psy (Псы, "Dogs"), Dmitri Svetozarov (URSS, 1989). O filme foi gravado em uma das cidades fantasmas da costa, entre os edifícios e navios abandonados.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Leia também:Link

http://geografianovest.blogspot.com/2010/12/aral-um-mar-em-agonia.html

Mais uma vez estou eu mostrando as grandes catástrofes que foram causadas pelo Homem !
Numa época em que se diz que informação é tudo, que eu possa ajudar de alguma forma informando as pessoas do que está acontecendo ao nosso redor. Quando li sobre o Mar de Aral custei a acreditar que um Mar pudesse ser eliminado da face da Terra ! E descobri que o Homem tem poder de criação e destruição a níveis inimagináveis !

Que esse poder seja usado para o bem é o que eu desejo...


Obs: nossa amiga Rute (http://publicarparapartilhar.blogspot.com/2011/06/teia-ambiental-de-junho.html
está colocando no seu blog a relação dos participantes de mais essa etapa da Teia Ambiental. LinkVisitem e conheçam a opinão de cada um sobre o tema.

12 comentários:

  1. Estou boquiaberta com o q o homem é capaz de fazer. Assim como vc, nunca imaginaria q um mar pudesse acabar. Por isso é necessário empenho e cobrança para q as pessoas se conscientizem e comecem a mudar suas atitudes em relação ao cuidado com o meio ambiente. Muita paz!

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  2. Querida Flora,
    venho só dizer que não vou conseguir postar para a Teia ainda hoje. Estou muito cansada. Sem inspiração.
    Nesta altura do ano, meu trabalho de contadora intensifica... tem vários prazos a cumprir. Uma corrida estupida contra o tempo.
    Mais ainda uns contratempos familiares (nada grave)...
    E para terminar, 2 cursos on-line em simultaneo, um da profissão e o outro vc sabe qual é :)
    Voltarei mais tarde para ler seu texto com atenção. Adoro estar imersa neste dia 7, mas hoje não dá!
    Beijos,
    Rute
    P.s.-A lista continuará a ser atualizada.

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  3. Flora, engoli em seco com o teu texto, é assustador este poder de destruição do homem, em pouco mais de 3 décadas acabarem com um mar...Informações tristes, mas úteis, para estarmos alertas!
    Beijinhos verdes

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  4. Oi, Denise:

    Fico completamente apalermada ao acompanhar o que o Homem está fazendo com sua casa ! E pensar que não temos outro lugar para ir...

    Às vezes fico pensando: que fim terá tudo isso ?

    Beijo

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  5. Oi, Rute:

    Lamento sua falta neste dia 7 mas, pacientemente, esperarei seu texto que é sempre importantíssimo para a Teia Ambiental.

    Bom descanso.

    Beijo

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  6. Oi, Lina:

    É surpreendente e assustador o que anda acontecendo por aí e, muitas vezes, nem ficamos sabendo !

    Beijo

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  7. Oi,Flora!
    Realmente é um absurdo assistir as atrocidades que estão sendo cometidas com a natureza...Fico sempre indignada e muito triste. E o pior de tudo é o sentimento de impotência que bate dentro de cada um de nós...
    Eu já tinha ouvido falar sobre esse processo de destruição do Mar de Aral,mas não tinha muitas informações sobre esses detalhes "malignos" que levaram a este triste processo. Às vezes fico me perguntando, até onde é capaz de ir à "insanidade" de certos seres humanos sem escrúpulos nenhum... Infelizmente, a força do dinheiro e a busca pelo "poder" são fatores que tem levado ao esgotamento de solos e muitos recursos hídricos. E em favor de certos interesses humanos, a natureza vem sendo maltratada demais.
    Outro dia desses, sabe que eu quase chorei vendo um estudo que mostrava o desaparecimento da nossa mata atlântica? Este rico ecossitema,que na época do descobrimento do Brasil, cobria praticamente, quase toda a zona litorânea brasileira, foi reduzido a menos de 9% da cobertura original! O que também aconteceu por aqui,foi uma verdadeira "matança ecológica" ao longo de muitos anos,e que provavelmente deve ter provocado a extinção de espécies que nunca iremos conhecer...É também um absurdo inimaginável!
    O que me acalenta o coração,minha amiga, é a esperança da mobilização e conscientização ecológica que vem surgindo ultimamente...Sei que é cedo para falar,mas quem sabe, de pouquinho em pouquinho, uma nova geração,de seres humanos mais conscientes, possam vir fazer a diferença, e ainda teremos chance de mudar o rumo dessa História para melhor?
    Muito obrigada,Flora, por nos trazer este tema tão importante à nossa reflexão.
    Beijo no teu coração!
    Teresa
    ("Se essa lua fosse minha")

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  8. Flora

    O que acontece com o ser humano que parece que só conhece uma linguagem, a da "destruição"!!!
    Fico cada vez mais perplexa com as informações que estou tomando conhecimento, graças as suas postagens.
    Que Deus permita que se consiga a recuperação dele, mas é claro que não será a mesma coisa.
    E que conseguindo tal feito, o ser humano comece a ter mais consciência, preservando-o principalmente!
    Quando leio ou assisto notícias de total inconseqüência com nosso planeta, fico muito tocada.... a indignação toma conta de mim, e sem querer começo a entrar numa energia de revolta e nervoso.
    Somente Deus e os Seres de Luz para me confortarem, porque tem dias que não é fácil...
    Mas vamos devagar mudando este quadro, não é mesmo?
    Diante de tanta ignorância, nada mais FORTE do que o AMOR para reverter esta situação.

    Um grande beijo em seu coração!!!

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  9. Voltei!
    E parei onde vc diz:
    «Quando li sobre o Mar de Aral custei a acreditar que um Mar pudesse ser eliminado da face da Terra»

    Pois querida Flora, a mim já nada me espanta!
    Quando pisei áreas deserticas no coração de África e encontrei fósseis de conchas e peixes por lá, deu para perceber que onde hoje é o Sahara, já foi um rio em comunicação com o mar.

    Beijinho verde colega conspiradora.
    Rute

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  10. Oi, Teresa:

    Eu já chorei várias vezes ao ver essas atrocidades cometidas pelo Homem !

    Mas também acredito que há esperança para a Terra, pois "não há bem que sempre dure, nem mal que sempre perdure". Dizem que as novas crianças que estão nascendo, chamadas de Índigo ou Cristal, já estão vindo com uma nova forma de ser, com um novo DNA mais evoluído e que elas são a esperança de dias melhores.
    Quem viver verá...

    Beijo

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  11. Oi, Lú:
    Entendo como v. se sente pois também sinto essa mesma indignação e revolta.
    Mas sei que existe esperança, pois ao lado de notícias tão tenebrosas como essa que postei, existem outras como a que o Gilberto colocou.

    Desistir jamais !

    Beijo

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  12. Oi, Rute:

    Sei que o planeta está em constante ebulição, como um organismo vivo que é, mas é assustador pensar que muitas mudanças estão acontecendo por conta da falta de juízo do Homem, que sofre profundamente por isso.

    Beijo

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