quinta-feira, 7 de outubro de 2010

TECENDO IDÉIAS AMBIENTAIS.

Hoje é dia de Teia Ambiental, mas estou tão cansada...
No sábado começa mais uma Mostra de Artesãos do Sul das Gerais e o tempo é de muita faina. Hoje arrumamos o estande - que trabalheira - mas ficou ótimo !
Desculpas apresentadas, vamos ao que interessa. "Colei" trechos do excelente livro Sabedoria Incomum, do ótimo Fritjof Capra, onde ele conversa com uma mulher extraordinária que lhe mostra um outro lado da economia.

Hazel Henderson era uma mulher comum, vivendo sua vida serena e feliz até que ela ficou preocupada com a poluição do ar em Nova York; "Lá estava eu sentada no parquinho, observando minha filhinha brincar e cobrir-se de fuligem". Iniciou então uma campanha solitária de escrever cartas para as redes de televisão; a seguir organizou um grupo chamado "Citizens for Clean Air". Porém cada vez que queria organizar algo surgia sempre um economista dizendo que aquilo não seria econômico. "Assim, tive de me ensinar economia !".

A seguir, algumas idéias da "economista" Hazel.

"Nossa economia depende em grau excessivo da energia e dos recursos naturais; isso fica evidente no fato de ela ser uma economia de capital intensivo, e não de mão-de-obra intensiva. O capital representa um potencial de trabalho, que foi obtido a partir da exploração dos recursos naturais no passado. À medida que esses recursos escasseiam, o próprio capital vai-se tornando um recurso escasso. Há hoje, em nossa economia uma forte tendência para se substituir o trabalho pelo capital. Os empresários, raciocinando com base em noções estritas de produtividade, vêm pleiteando constantemente incentivos fiscais para os investimentos de capital, muitos dos quais reduzem o nível de emprego por meio da automação."

"Nossa dependência excessiva da energia e dos recursos naturais, e o investimento excessivo de capital e não de trabalho, são inflacionários e provocam um desemprego maciço. É patético ver que o desemprego tornou-se uma característica tão intrínseca da nossa economia que os economistas do governo falam hoje em "pleno emprego" quando mais de cinco por cento da força de trabalho está desempregada". (Dados de 1978, nos EUA)

"A única solução real seria mudar o próprio sistema, reestruturar nossa economia descentralizando-a, desenvolvendo para isso tecnologias brandas, e operando-a com uma mistura mais parcimoniosa de capital, energia e recursos naturais, e uma mistura mais rica de trabalho e recursos humanos. Uma economia dessas, capaz de conservar os recursos naturais e de proporcionar emprego para todos, seria também uma economia não-inflacionária e ecologicamente equilibrada".

"Podemos aprender muito sobre as situações econômicas estudando os ecossistemas. Por exemplo, podemos ver que tudo se movimenta pelo sistema por meio de ciclos. As relações lineares de causa-efeito só surgem muito raramente nesses ecossistemas e, portanto, os modelos lineares não são muito úteis para descrevermos os sistemas econômicos neles imersos."
"Nada fracassa tanto como o sucesso".

"Hoje não é mais permissível jogar fora nossas mercadorias usadas ou despejar lixo industrial em algum outro lugar, pois em nossa biosfera global interligada esse "outro lugar" não existe.
Pelo mesmo motivo, não existe o chamado "lucro fortuito", a menos que ele saia do bolso de alguém ou que seja obtido às custas do meio ambiente ou de gerações futuras."

"Os executivos das empresas não conseguem entender que, em todos os sistemas vivos, decadência e morte são a procondição do renascimento.
Todos sabem que tempos difíceis estão chegando e eu tento lhes dizer que isso talvez signifique o declínio de alguns, mas que sempre que algo está diminuindo algo também está crescendo.
Há sempre um movimento cíclico. Basta estar atento e pegar a onda certa. Eu digo-lhes que é preciso permitir que algumas empresas morram, que não há problema algum, desde que as pessoas possam se transferir das moribundas para as que estão crescendo.
O mundo não está acabando, apenas algumas coisas estão entrando em colapso."

"O trabalho de menor status tende a ser o trabalho cíclico - o trabalho tem de ser constantemente refeito e que não deixa nenhum impacto duradouro. Preparar uma refeição que será imediatamente consumida, varrer o chão que logo ficará sujo, aparar gramados que logo crescerão.
Em nossa sociedade, como em todas as sociedades industriais, esses serviços são em geral delegados às mulheres e às minorias. São os que tem menor valor e são os mais mal remunerados, apesar do fato de serem essenciais à nossa existência cotidiana e à nossa saúde.
Os serviços que gozam do mais elevado status são aqueles que envolvem a criação de algo duradouro - arranha-céus, aviões , foguetes espaciais, armamentos nucleares e toda a nossa parafernália de alta tenologia, além do trabalho nas áreas de marketing, finanças e administração de empresas".

"A tragédia de nossa sociedade é que o impacto duradouro do trabalho de status elevado frequentemente é negativo - nocivo ao meio ambiente, à estrutura social e à nossa saúde física e mental.
O trabalho cíclico, no entanto é considerado parte integrante do treinamento espiritual . Fazer um trabalho que sempre precisa ser refeito nos ajuda a reconhecer a ordem natural de crescimento e fenecimento, de nascimento e morte. Ajuda a nos tornar cientes de como estamos imersos nesses ciclos, na ordem dinâmica do cosmos".
"Existe uma profunda ligação entre ecologia e espiritualidade."

16 comentários:

  1. Pena que o dinheiro e interesse destruam tanta coisa bela e necessária à vida.

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  2. Flora, minha amiga verdinha :)
    conforme vc já sabe, adorei ler o Sabedoria Incomum, especialmente esse capitulo 6 de futuros alternativos, e do movimento ecologico-economico defendido por Henzel Herderson.

    Muito bem escolhidos os trechos para ilustrar o tema desenvolvimento sustentavel. A visão holistica de Henzel merece ser compartilhada com todos. Talvez desta forma abra o apetite de leitura aos que ainda não degustaram as ideias do livro.

    São trechos dignos de reflexão.

    Quanto à minha participação, venho aqui desculpar-me mas não consigo participar no dia certo (7). Por um lado por falta de tempo, por outro por falta de inspiração derivada do cansaço.

    Tenho algumas ideias alinhavadas para o artigo mas não dá para concluir um artigo completo. Até porque está dependente da receita e foto.
    Durante o mês de Outubro postarei.
    Beijinhos.
    Até breve.
    Rute

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  3. Nada na vida é por acaso...
    seu cansaço, nos brindou com este trecho deste livro muito pertinente ao nosso assunto...

    Beijos, minha querida... cuide-se...
    obrigada pelas visitas tão carinhosas...

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  4. Oi Flora

    Me encantei em como vocÊ teceu entrelaçando com a espiritualidade.

    Eu sou romântica e otimista, acredito que toda a humanidade ainda se ajoelhará perante à Natureza e com isso verá o verdadeiro desenvolvimento econômico.

    Talvez nós não estejamos vivos para presenciar isso, mas é nosso papel enquanto habitantes deste planeta, continuar lutando cada um à sua maneira, pelo desenvolvimento sustentável. E assim garantir um futuro melhor aos nossos descendentes.

    eco-saudações!

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  5. Dos jornais de hoje: "Na passada segunda-feira, um derrame de um milhão de metros cúbicos de lama tóxica de alumínio (lama vermelha), na Hungria, provocou a morte de sete pessoas naquela localidade. As lamas, de metais pesados e com uma enorme componente alcalina, provocaram ainda centenas de feridos, que ficaram com queimaduras graves no corpo."

    Os campos agrícolas, as casas, os animais, ficaram empastados dessa lama tóxica mortal. Notícias últimas indicam que uma outra parede do reservatório está também prestes a ceder. Populações são colocadas em risco na ânsia de se obterem lucros a qualquer preço, pondo em causa o ambiente.

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  6. Oi, Gaspas:

    Estamos pagando e, pelo visto, ainda pagaremos muito mais por essa necessidade de dinheiro...

    Beijo

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  7. Não fique preocupada, Rute, pelo atraso. Quem sabe no próximo mês você consegue : O importante e contribuir para a nossa Teia Ambiental.

    Eu também adorei esse livro, e leio e releio certos trechos, em especial esse citado aqui no blog.
    Eu e o Gilberto ainda não lemos o livro da Hazel, nem o Small is beatiful, do Schumacher mas, através do Capra ficamos conhecendo as idéias excelentes dos dois.

    Beijo

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  8. Oi, Zininha:

    Quem sabe um dia conseguimos consertar esse Planeta ?
    Beijo

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  9. Às vezes eu fico meditando: será que estamos com mania de reclamar de tudo e de todos ? Eu olho em volta e só vejo atitudes erradas, especialmente em relação ao meio-ambiente.
    Será que são meus olhos que estão muito exigentes ?

    Beijo

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  10. Oi, Micael:

    O comentário que fiz para a Renata diz tudo o que eu ando pensando: será que o problema é meu ?

    Há alguns anos atrás nós tivemos aqui no Brasil uma situação parecida, causando muita desgraça e morte. Os responsáveis ? Irresponsáveis !!!

    Beijo

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  11. Saudações irmã Flora Maria! Ando bem ausente (em escrever) a ti e ao Mestre Gilberto, mas em pensamento estão sempre comigo, certo?!

    Báh, que idéias ótimas e bem fundadas de "Hazel Hendersen"! Lí o texo todo mas o final, bastou a frase: "Existe uma profunda ligação entre ecologia e espiritualidade."

    E aí está uma ligação fortíssima, não consigo ver AMOR À NATUREZA, À PACHA MAMA, de quem não tenha seu lado espiritual conexo com tudo isto e o Universal Divino.

    Lindo domingo a vocês e grande beijo nas nobres almas.

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  12. Oi,querida Flora
    Com muita correria, há 15 dias fora, viajando pra cá e pra lá, chego cheia de saudade dos amigos... Como está vc, amiga? Tomara que muito bem!
    Gostei de como fechou com chave de ouro o seu texto: ecologia x espiritualidade...
    Abraços fraternais com meu carinho.

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  13. Oi novamente!
    A minha participação na teia de Outubro ainda não está esquecida hein!
    Vou postar dia 25, já tenho tudo pronto, mas... vou ser rigorosa e utilizar um pouco do conhecimento numerologico (25=2+5=7). Eh eh eh, e esta hein? Gostou?

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  14. Oi, Selena:

    Essa Hazel é sensacional !
    Eu não li o livro dela, mas absorvi suas idéias na conversa que ela teve com o Capra e que é mostrada no excelente livro Sabedoria Incomum.

    Eu só entendo amor à Deus, quando se ama sua maior obra: a natureza !

    Beijo

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  15. Oi, Orvalho:

    Tudo bem por aqui, mas estou em atraso com meus comentários.

    Obrigada pelo carinho.
    Beijo

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  16. Oi, Rute:
    Já vi que você está levando à sério a Numerologia !
    Que bom...

    Beijo

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