Sou de uma época em que os pais sabiam o que era melhor para os filhos. E sabiam mesmo...
Eles tinham vivido sua juventude e aprenderam o que era certo e o que era errado. Entenderam que o fogo dos desejos consome até a última gota e que vontade é uma coisa que dá, e passa.
Não sou a pessoa indicada para falar sobre adolescência como se entende normalmente, pois vivi muito tranquilamente essa Fase da Vida.
Nos meus tempos idos, o respeito e a consideração aos pais e superiores era uma coisa normal e, como tal, aceita sem grandes sofrimentos. Claro que havia momentos em que eu lastimava as ordens dadas e, logicamente, obedecidas ! Mas também sabia que essas ordens eram prerrogativas dos pais e que eles sempre queriam o melhor para seus filhos.
Restava então, calma e serenamente, esperar o tempo passar, até que chegasse o momento de viver minha vida por conta própria.
Na foto o casal romantico do seriado Anos Dourados.
Pesquisando sobre o tema encontrei na net alguns textos interessantes:
"A complexidade da sociedade manifesta-se no confronto de gerações esbarrando na caótica disseminação da insegurança. Insegurança social, de moral duvidosa com inversão de valores e criminalidade declarada, contribui com mais motivos para que pais, professores e adolescentes enfrentem de forma completamente deturpada as mudanças que deveriam ser sabidamente rotineiras.
Historicamente esquecemos como se passava o conhecimento. Se buscarmos a formação de uma tribo indígena, veremos que o conhecimento era passado pelos mais velhos, ou seja pelo sábio ou pajé da tribo. A criança aprendia ensinando e aprendendo. Até seus sete anos permanecia perto de sua mãe e irmãos, ora brincando ora ajudando os menores. A partir dos sete anos, a criança passava a aprender a história e ensinamentos da sua comunidade com o pajé, figura de secretos e misteriosos ensinamentos, e ensinava o que aprendia e aprendia novamente quando ensinava. A magia estava no mistério e respeito pelo conhecimento e também pela comunhão dos rituais sagrados da tribo. Aos doze anos passava por outra forma de aprendizado para inserir-se no mundo adulto. Participava de um ritual de passagem aonde deveria provar e demonstrar suas habilidades e capacidades para enfrentar o futuro. As provas de sobrevivência os capacitavam a transformar-se num adulto. Então sabiam sempre o que era esperado deles".
Na foto: debutantes de 1953.
"O psicanalista francês Charles Melman nos lembra que a noção de crise associada a esse período de transição se encontra essencialmente em nossa cultura. Ele afirma que “não há nenhum sinal dela, enquanto crise psíquica, nos textos das culturas gregas e latinas, onde seria um simples período de introdução a vida social”. A crise psíquica - na adolescência - como um processo de transição entre um mundo (infantil) e outro (adulto), pode ser assinalada como um fenômeno característico das sociedades pós-industriais capitalistas. Nelas, não encontramos ritos de passagem responsáveis pela demarcação de uma fase e outra. A ausência de cerimônias reguladoras, verificadas em sociedades menos evoluídas do que a nossa, certamente, favorece a crise psíquica que conhecemos na fase adolescente. "
Na foto: jovens da década de 50 cercando seu ídolo, Cauby Peixoto.
"Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã."
Assim dizia o Cacique Seattle na sua famosa carta.
Na minha família tínhamos longas conversas nas noites quentes da minha cidade, onde meu pai contava histórias da sua vida, narrava trechos de livros ou filmes que o emocionaram, falava de como seria o mundo no ano 2000, sonhando com esse tempo futuro. Dava exemplos de ética, moral, educação e respeito ao próximo. Minha mãe também contava sua vida, dava exemplos rígidos de comportamento, alertava sobre os perigos da vida. E tudo isso era feito com muito amor e dedicação. Como os filhos podiam decepcionar esses pais, fazendo coisas que contrariavam sua determinação ?
Na foto: a futura rainha Elizabeth II e sua irmã Margareth nos tempos da sua juventude.
Cada caso é um caso ! "Não julgue alguém antes de andar uma milha com seus mocassins", é um ditado indígena norteamericano que gosto muito, portanto, tudo que eu disse aqui, só serve para mim. Não tive revolta, apesar de ser da época da "juventude transviada". Os "maus exemplos" não me influenciaram, pois eu seguia as diretrizes da família e as ordens do meu coração.
Meus filhos tiveram adolescência diferentes: ela, mais rebelde, questionando as ordens, ele aceitando as regras do seu jeito, sem atritos.
Assim vamos vivendo as Fases da Vida, entre erros e acertos, sempre seguindo em frente, na busca do pote de ouro da ponta do arco-íris...
Na foto: garrafinha de vidro de Coca Cola, delícia para os adolescentes dos anos 50 !
Blogagem Coletiva Fases da Vida - Adolescência.
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Pois é, Flora, cada um reage de uma forma, mesmo tendo a mesma educação.
ResponderExcluirAchei interessante você dizer que restava esperar passar, pra viver do jeito que queria.
Há uma grande diferença entre uma geração e outra. A verdade é que a gente só sabe experimentando. Por mais que repitamos comportamentos, somos responsáveis por nossas vidas, pelo rumo que damos a elas.
Pra você foi tranquila essa passagem, para outros nem tanto, não é?
Bjs.
Olá, querida Flora
ResponderExcluir"Na ternura de um amanhecer,
Eu observei a beleza do orvalho".
(Sandra)
Ah!!! Os anos dourados... que romantismo incubado eu tive por não te podido viver isso... é lindo!!! Fez muito bem em focalizá-lo pois foi uma marcante da nossa adolescência...
Debutar... outra saudade grande... a minha festa de quinze anos... que sonho que não foi fotografada... pena!!!
Pais que se esmeravam em cuidar sem gritar... isso é raro, sabia??? Ao menos pra mim...
Vc teve foi sorte em ter uma família estruturada, menina... que legal!!!
Gostava mesmo era de grapete... lembra-se???
A coca não me enchia os olhos...
Vejo como "maus exmplos" a falta de amor e diálogo... o mais é contornável... em todas as fases...
"...é o molhar do orvalho quem vê meus passos...
é minha vida me chamando pra viver"
( Fractais de Calu)
Tenha um excelente Domingo de paz e alegria.
Bj com gosto de adolescência (o lado bom dela).
oI AMIGA
ResponderExcluirVim te desejar uma feliz semana...
Tive uma adolescencia tranquila,obedecendo sempre, meus filhos hoje já adultos responsáveis, tiveram tambem uma adolescencia tranquila, diferente da minha, mas muito feliz e tranquila...mas continuo pensando que, antigamente era muito melhor.
bjs
Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)
Flora,lembro quando meu pai dizia "não", era não mesmo, sem perguntas.Eu chorava no meu canto, mas depois esquecia.Hoje meus filhos me perguntam por quê não?E temos que ser firmes.
ResponderExcluirEles sempre souberam o que era bom para nós, como eu sei agora o que é bom para meus filhos(pelo menos acreditamos...hehehe).Meu filho é um pouco rebelde, tenta e tenta, mas depois se amansa, ela é mais tranquila por enquanto!
A gente quer sempre o melhor!
Paz e bem
Olá!
ResponderExcluirVim te visitar e saber o que você tem a dizer sobre a adolescência. Eu que trabalho com dezenas deles que o diga ...rsrsrsrs http://anabelanacasadavovo.blogspot.com/
parabens pela postagem! tambem estou nela:
ResponderExcluirhttp://anacristinap.blogspot.com/2011/05/blogagem-coletiva-fases-da-vida.html#comments
bjo
Oi Flora
ResponderExcluirApenas seguindo os relatos. Vc traz sua experiência,o que é sempre singular, pois cada um é cada um. A autoridade era respeitada e muitos não conseguiam desafiá-la.
Parabéns pela participação.
bjs
Oi Florita!
ResponderExcluirAdorei ler sobre a sua adolescência..
eu fui mais rebelde, obedecer não era tão fácil para mim, mas sobrevivi. rsrsrs
beijinhos green
Tambem participo da blogagem coletiva:
ResponderExcluirhttp://mariazinhap.blogspot.com/2011/05/blogagem-coletiva-fases-da-vida.html
Parabens pela sua postagem!
Beijos
As tribos indígenas tem formas de viver e criar os seus muito especiais e com padrões que concordo e acho que fazem falta nas sociedades de hoje em dia.
ResponderExcluirFlora, sua observação foi perfeita quando diz que "o respeito e a consideração aos pais e superiores era uma coisa normal", os adolescentes de hoje já não sabem respeitar ordens, há uma certa rebeldia quando ouvem um "não".
ResponderExcluirParabéns pela participação...
Grande abraço!
Muito boa sua postagem.Também tive uma adolescência com um pai que era uma fera.Em muitas famílias ainda perdura o diálogo,a negociação;não dá para generalizar que os de hoje não sabem respeitar ordens,como disse aí minha querida amiga Dora.Tenho 4 netos adolescentes e cumprem ordens,mesmo achando ruim como eu tb achava.Meus filhos qdo adolescentes tb cumpriram ordens.Também me rebelei com uma porção de nãos....E a vida segue...Bjss
ResponderExcluirMinha participação está no blog Rumos Libertadores: http://rumoslibertadores.blogspot.com
Comente e concorra a um livro pela loteria federal ,até o dia 28/05,A SUA ESCOLHA!!SE QUISER SEGUIR,POOOOOOOOOODE!!!!E EU AGRADEÇO!!!
Olá Flora, quisera eu ter sido mais obediente como você e esperado a minha hora, mas eu não ouvia um não sem retrucar.
ResponderExcluirHoje, até me arrependo um pouco, pois como mãe que sou, compreendo meus pais muito melhor agora.
Ahhhh e essa garrafinha de coca aí...naquele tempo eu adorava, hoje não tenho muitos amores por ela!
Belíssima sua contribuição para a nossa blogagem!
Bjuss!!!
Vim convidá-la para ir ao blog onde está a postagem da coletiva e participar do sorteio.Obrigada pela visita!!
ResponderExcluirMinha participação está no blog Rumos Libertadores: http://rumoslibertadores.blogspot.com
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É muito importante o que vc focou Flora. O respeito e a admiração que temos pelos ascendentes.
ResponderExcluirO problema é quando nossos pais ou avós estagnam na vida. Ficar debaixo dos seus dogmas é estagnar também.
Nós lá em casa não tinhamos isso de passagem de testemunho. Minha mãe trabalhava noite e dia, sempre muito preocupada com a vida, com a subsistencia, com minha educação, mas sem bases para me passar conhecimento (só mesmo valores morais, que são bem importantes claro).
Em muitas alturas fui mais eu a força para ela sair da mesmice, do que vice-versa. A luta pelo ganho de bens materiais básicos ocupou a mente dela por completo. Só começou a questionar-se muito tarde, quando a vida dela deu um descanso... aí começou a ler, a aprender computador, mas isso já eu estava fora de casa, casada e mãe.
Beijinhos,
Rute
Voltei!
ResponderExcluirFiquei a pensar no seu texto...
Em especial no tempo das tribos...
Adoro o livro do Papalagui (o homem branco), mas não podemos esquecer que nesse tempo das tribos, ou noutras épocas ainda patriarcais, poucos tinham acesso ao conhecimento. Dai algumas pessoas mais idosas serem consideradas sábias.
Ainda noutro dia vi um filme sobre a Papisa Joana que viveu como sendo o Papa João. Isto porque em tempos mediavais, era proibido à mulher aprender a ler, a escrever, estudar latim, etc... As mulheres eram educadas para tratar do lar, dos filhos e embora seja um oficio de grande importância para manter a estrutura social, o que é fato é que é castrador para a mulher que quer conhecer mais e evoluir em todos os planos (incluisve o espiritual).
É natural que apartir de determinado momento, se questionem os conceitos, a autoridade, a lei, os pais... Mas o respeito deve ser mantido. Detesto presenciar faltas de respeito de filhos para pais. Sou super contra!
Mais que não seja porque a idade é um posto.
Mais bjs,
Rute
Flora,
ResponderExcluirQue delicia de post!
ah, eu me lembro dos Anos dourados(só não me lembro de quanto anos eu tinha na epoca..kkkk)
Eu também fui da geração, "manda quem pode, obedece quem tem juizo"..kkkk
tinha tanto respeito pelos meus pais, que as vezes, o respeito, beirava um pouco ao medo.
Mas também sei que eles só queriam o nosso bem.
Hoje em dia, mesmo falando tantos "nãos", veja as crianças mandarem nos pais, muito triste a realidade de hoje em dia.
Mas apesar das dificuldades, acho que não teve melhor epoca que a nossa.
beijos
Olá Flora
ResponderExcluirDe facto o seu testemunho vem um pouco contra aquilo que é, tipicamente, o comportamento associado à adolescência, mas concordo plenamente que o respeito pelos mais velhos é fundamental. Hoje em dia generalizou-se a falta de educação e de respeito por parte de muitos jovens, e isso é muito mau para a sociedade.
Por outro lado, tb não concordo que os filhos tenham que acatar tudo de bom grado, acho que os jovens têm o direito de questionar o que lhes é imposto, não acho saudável ter uma postura totalmente passiva, pelo menos nos dias de hoje. Para isso serve o diálogo, e acho muito bom que ele exista nas famílias, para que as ordens ou imposições não existam só por si, mas que sejam compreendidas.
beijinhos
Lendo as blogagens, constatei o quanto as experiências são diferentes. E a sua tb, pois na época da rebeldia, aceitar bem as orientações dos pais, não é usual. Com essa forma de ser, vc deve ser uma pessoa tranquila e equilibrada.
ResponderExcluirMuita paz!
Flora Maria, que bacana a sua construção sobre a adolescência. Gostei imenso da sua pesquisa também. E olha que achei muito interessante ter visto a rainha por esses dias e ei-la aqui tão jovem! Você pareceu ter passado essa fase bastante equilibrada. Parabéns, menina!
ResponderExcluirAnotei o ditado! Sabedoria indígena!! Fiquei curiosa para saber a sua idade, só porque escreveu "Nos meus tempos idos, o respeito e a consideração aos pais e superiores era uma coisa normal e, como tal, aceita sem grandes sofrimentos" - A minha mãe foi assim, aceitou tudo! Mas só até conhecer papito! Daí se rebelou, retornou à adolescência já com seus 35 anos. Os hormônios entraram em ebulição novamente! (rs*)
ResponderExcluirBoa semana! Beijus,
Flora,
ResponderExcluirAs fotos são simplemente lindas.
Você teve uma adolescência realmente diferente.
Desculpe a demora em vir lhe visitar.
Todos os seus posts demonstram muita firmeza. Isso é fruto de sua linda história.
Beijos
Oi, Flora! Atrasada, mas cheguei. Sabe como é, a vida não urge, ruge! Rss.
ResponderExcluirBela reflexão sobre a adolescência, essas fotos anos 50 são puro glamour :-) Beijos!
Olá Flora,
ResponderExcluirVim aqui lhe agradecer pela visita lá no meu cantinho, e pelo comentário em BCFV. No tempo da nossa adolescência tudo era mais calmo.
Gostei do seu blog e já sou sua seguidora.
Maria Luiza (lulú)
Oi, Flora!
ResponderExcluirQue post interessante! Adorei os exemplos, as imagens, a história da cultura indígena, das gerações anteriores, enfim.
Confesso que tenho saudades do tempo em que era um dever sagrado respeitar os pais, as autoridades e os mais velhos. E penso que muitos dos conflitos de hoje, são a falta dessa base sólida, que o respeito propiciava.
Excelente, amiga.
Socorro Melo
Flora
ResponderExcluirQue gostoso de ver e recordar tanta coisa dessa época dourada. Belíssima participação e essas garrafinhas de coca cola foi de arrebatar corações.
Obrigado pela sua visita e comentário.
Beijos
Flora
ResponderExcluirVocê soube muito bem falar da adolescência e citar a sua. As fotos ilustraram muito bem o texto, parabéns. Beijos.
Flora querida,
ResponderExcluirAgora minha internet já está instalada, minha casa está “quase” em ordem e estou de volta, para desfrutar da Energia Maravilhosa de todas as pessoas especiais que conheci neste mundo virtual, inclusive a sua...que é de muita LUZ!
Você transmite em seu relato uma tranqüilidade nesta Fase, muito rara nos adolescentes.
Mas acredito que tudo parte do íntimo de cada um.
Desde adolescente você demonstrou sua maturidade e segurança diante dos conflitos com seus pais.
Mas, isto já é de você....
Falando de filhos, eu tenho duas meninas e um menino, e engraçado, as minhas meninas já são mais rebeldes e questionam tudo, e meu menino já é mais sossegado, compreendendo as situações que lhe são apresentadas - igual você.
Acho que os hormônios femininos falam mais alto...rsrsrsr
Mas adorei sua postagem, com imagens Maravilhosas, para matar Saudades!
Um grande beijo em seu coração!!!
Lú
Flora querida,
ResponderExcluirQuero lhe agradecer do fundo do meu coração pelas palavras carinhosas deixadas em meu espaço, fiquei muito emocionada.
Aliás, todas minhas queridas amigas "virtuais" que passaram por lá, me deixaram muito sensibilizada..., principalmente você.
Obrigada querida, fico até sem palavras.
Obrigada, obrigada e obrigada!!!
Beijos!
Lú