segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

FANTASIAS DE UMA CRIANÇA...

Nunca "brinquei carnaval" ! Filha de comportada e discreta família portuguesa, jamais participei de bailes, blocos e, muito menos, usei fantasias. E mesmo que a família fosse de " cair no samba" eu não iria junto, pois minha timidez impedia esses rasgos momescos de liberação. Mas as fantasias... ah, as fantasias! Como eu gostaria de vestir-me de cigana, odalisca (ainda não existia a Jenny !!!) ou espanhola !

Mas minha filha usou a linda fantasia de Odalisca, agora travestida em Jenny, heroína da série de TV.
Fiz branca igual a uma que vi nos meus tempos de criança e pela qual fiquei apaixonada. Branca e com pérolas !

Durante minha infancia, lá pelos idos de 1950, Carnaval para mim era uma festa de visões, sons, gostos e cheiros sedutores. Eu adorava o meu carnaval dos sentidos, e sentia uma emoção gostosa durante os 3 dias (que eram 4 !) de folia e brincadeira.
Acordava no sábado e corria para apreciar, da minha varanda no apartamento do 3º andar, a arrumação das barraquinhas na calçada da Loja Modelo do Juquinha, onde os mágicos filtros de vidro transparente mostravam a tentação dos sucos de groselha e limão.
Ainda vou comprar um filtro desses...

"Na foto, meu marido, com o seu irmão, viveu um Carnaval igual ao meu, e no mesmo bairro. Mas o dele tinha direito a fantasias... E como ele adorava usá-las, naquele tempo encantado da sua infancia !"


Na calçada, bem debaixo da minha varanda, ficava a barraquinha de cachorro-quente, e aquele cheiro-tentação subia, subia e penetrava pela casa, acentuando o clima de carnaval. Nós não comíamos "comida de rua", mas minha mãe fazia o nosso cachorro-quente e nossos sucos !
Outras barraquinhas vendiam apetrechos de carnaval e, entre confetes e serpentinas a MARAVILHOSA lança-perfume !!!
Que perfume maravilhoso era aquele ! É uma das lembranças mais saudosas da minha infância o cheiro que saía daquelas ampolas metálicas, ou de vidro, douradas ou prateadas. Naqueles tempos nem podíamos imaginar o uso que era dado à nossa querida lança-perfume, uso esse que resultou na sua proibição.
Já adolescentes, contávamos quantas espirradas tinhamos recebido durante os passeios pelas ruas, sinal evidente do interesse dos rapazinhos na época.

Eu morava numa rua que tinha uma praça em frente, formando um largo onde os blocos vindos de várias direções cruzavam uns pelos outros misturando os foliões, que muitas vezes começavam em um bloco e terminavam em outro.
Quando ouvíamos o som dos pandeiros e tamborins, corríamos para a varanda, e de lá apreciávamos todo esse movimento.

Quantas fantasias bonitas eu vi nos meus Carnavais antigos ! Os adultos passeavam fantasiados, antes dos bailes, mostrando seu traje de festa, e alguns blocos tinham sua tradição, como o Bloco dos Tamanqueiros que passavam com o barulho característico dos tamancos no chão de paralelepípedos.

Passear pelas ruas do bairro, acompanhando de perto o Carnaval, ou apreciar "de camarote", lá na minha varanda do 3º andar essa manifestação popular, fazia parte do meu puro Carnaval dos tempos idos.

Como diz meu querido amigo Filipe: - "Que saudade..."

18 comentários:

  1. hahahahahah

    Olha só eu de odalisca! Minha fantasia favorita!!!:-)))

    Creio que o horror ao carnaval se multiplicou e disseminou através dos gens, pois eu e o Roberto temos pânico de carnaval! E desde pequenos... Enquanto vc e o papai ainda aproveitaram algum aspecto legal da festa quando eram pequenos.

    Agora mesmo, de manhã, estava conversando aqui com o marido sobre a "ditadura do carnaval" e como é desagradável, para quem não gosta dele, ser obrigado a aguentar 6 dias (sim, porque hoje em dia a confusão começa na sexta e só termina na quarta de noite) de música desagradável e alta, gritaria e uma alegria (para mim) artificial e imposta pela maioria.

    Ainda bem que daqui de casa não ouvimos absolutamente NADA! E estamos trancados em casa desde a hora em que voltei do trabalho, na sexta-feira, às 15h. Hoje, teremos que sair, para fazer compras, estou me preparando psicologicamente...rs

    Creio que poucos consigam entender o fato de preferirmos ficar em casa, ouvindo boa música, assistindo bons filmes, conversando, namorando, comendo guloseimas... Como costumo dizer, nossa família é esquisita mesmo... e estamos mantendo a tradição! ;-)

    Quanto às fantasias... De fato, são lindas! Mas não é preciso carnaval para usá-las! Um baile a fantasia pode vir bem a calhar! Ou então dar uma de louca, que nem eu fiz no ano passado: me fantasiei de fadinha e fiquei passeando dentro de casa!
    :-)))

    beijos

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  2. Flora
    Tal como eu também gosta de recordar...
    Respondi ao seu e mail mas não chegou, vou reenviar.
    Beijinhos
    Lourdes

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  3. Fica meu convite para visitar-nos e passar a fazer parte de nosso grupo de amigos.

    Parabéns pelo Blog.

    LLEAL

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  4. Sorte a sua, Cláudia, pois daqui de casa eu ouço a festa na cidade !

    Mas só foi ruim na sexta por causa do barulho ensurdecedor dos "meus queridos" Trios Elétricos que acompanham o bloco do Pijama. Depois disso, ficou só um som ao longe.
    Mas...
    Na escola em frente está acontecendo um Congresso religioso, e meu bairro que era tão silencioso nesses dias, ficou com o som altíssimo das "músicas de Jesus". Acho que Ele ia preferir um som mais suave...

    Enfim, como diria a minha mãe : "Estou pagando os meus pecados".

    Agora falta pouco para acabar...
    o Carnaval, e espero que os pecados também !!!

    Beijo

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  5. Oi, Lourdes:

    Recebi seu email, sim, só falta responder !
    Beijo

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  6. Obrigado, Luis Carlos, pela visita e comentário.

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  7. O barulho que ouço agora por aqui é o de uma furadeira, onde uma reforma na casa ao lado exige trabalho até no feriado!
    Não fosse isso, ouviria até os passarinhos.
    Não sou carioca e sim fluminense, mas a gente acaba considerando como se fosse, mas diria que sou uma carioca atípica. Não gosto de carnaval, nem ligo para praia. Do mar, fico com a beleza, a água de coco, a caminhada numa hora mais amena.
    Não me lembro de nossa mãe ter-nos vestido de fantasia, não era costume familiar. Já o meu marido, embora também não seja carnavalesco, tem foto fantasiado.
    Coisas de um feriado prolongado, apenas!
    Bjs.

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  8. Olá, Flora
    Eu sou nascida em Niterói, porém vim pro Rio ainda pequena. A família de minha mãe é do bairro do Catumbi - Cidade nova, berço do samba carioca, Bloco Bafo da Onça,Vai quem quer e por aí vai, aonde foi construído o sambódromo.
    Aquela casa, era do outro lado da rua em que eu morava, infelizmente
    não existe mais. Eu ainda moro por aqui. Toda a minha família adora carnaval.
    beijo grande

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  9. Como foi bom ler estes textos, minhas lembranças também vieram à tona, recordando bons momentos do passado. Também não sou adepta deste carnaval atual, mas infelizmente moro em Cavalcanti (próximo de Madureira), e tenho como vizinha uma escola de samba que é ativa o ano inteiro, imagina o meu sossego!
    Bjs

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  10. Recebi do amigo Filipe:

    Obrigado querida amiga , pela lembrança

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  11. O meu amigo Dr. Filipe é a pessoa mais saudosa que conheço !
    Ele tem uma memória privilegiada e recorda os fatos da sua vida de forma impressionante.
    É escritor e seus livros contam histórias muito interessantes.
    Gosto muito do "Caminhos do Ontem", que já li e reli.

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  12. Oi, Gina, pois eu sou a carioca mais "desnaturada" que conheço, pois não aprecio praia, calor, samba, festas barulhentas como o Carnaval, e nem tenho o jeito extrovertido dos filhos da terra.
    Enfim... cada um é cada um.

    Beijo

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  13. Oi, Fátima Rosana, como comentei com a Gina, cada um é cada um, e gosto não se discute, não é mesmo ?

    E não acredito que seja a forma com que fomos criados, e sim, a maneira como sentimos as coisas.

    Meu irmão caçula, quando criança, saía sambando atrás dos blocos que passavam, enquanto os irmãos mais velhos riam muito da sua atitude que era muito diferente da nossa.

    Beijo

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  14. Ô Maria Zélia, fico imaginando o barulho que deve ser...
    Mas o seu jardim é lindo e deve compensar pela alegria que proporciona, não é mesmo ?
    Em tempos atuais, morar numa casa com jardim é muito especial.
    Beijo

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  15. Flora

    Eu só brinquei o carnaval,depois de ter completar 19 anos,pôde?
    Meu pai nunca permitiu que fôssemos à bailes e carnaval.Não sei talvez até por ciúmes,sei lá...rsss...Passei a brincar o caranaval depois que entrei na Faculdade,então fazíamos blocos lindos lá na minha cidade:Lucélia e blocos que deixaram muitas saudades...
    Moro num Distrito bem tranquilo aqui em Campinas,onde todos os anos as pessoas mais antigas e tradicionais da cidade,desfilam pelas ruazinhas o carnaval folclórico do lugar.Os blocos são três:As caixeirosas...O berra vaca e o Cupinzeiro...e geralmente os desfiles são de dia,e frequentam os blocos,os Professores e estudantes da UNICAMP e moradores do bairro.Tenho ido todos os anos...esse ano desfilamos na Comissão de frente...rssss...arrastando um mundo de crianças lindas...foi muito divertido...
    Bjs

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  16. Oi, Sonia:
    Esse Carnaval de cidade pequena é muito gostoso, com seu jeitinho de coisa antiga.

    Esse ano eu andei pelo centro para ver o Carnaval, e fotografar os bonecos gigantes de Brasópolis, e o ambiente estava alegre e tranquilo.
    ...Mas prefiro o aconchego da minha casa.

    Beijo

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  17. Flora. Muitas das suas
    saudades também são
    minhas. Mas as nossas
    saudades são bem boas, né ?
    Que bom que a gente as tem.
    Beijos.
    Vera

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  18. Oi, Vera:

    Obrigada pela visita e pelo comentário !
    Essas saudades são gostosas mesmo, não fazem mal não.
    Beijo

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