Piedade é um bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. O bairro nasceu no ponto onde hoje fica a Igreja de Nossa Senhora da Piedade, e começou a ser ocupado em meados do século 18.
Fui batizada na Igreja do Divino Salvador. Aqui estou eu, aos 6 meses, já séria e comportada.
O sobrado que meu avô construiu. Ao lado, pedaço da única casa com jardim que existia nesse trecho de rua.
No Google encontrei a casa, agora sem jardim. Que pena...
A mesma casa, atualmente. Ao lado, nas décadas de 60/70 existia uma padaria e ao seu lado a loja de móveis do Armando.
A Igreja Divino Salvador é uma bela construção em estilo gótico, de 1910. Imponentes palmeiras embelezam a fachada do templo.
Na foto, meus avós, minha mãe com minha irmã Nelia ao colo, e eu.
Na atual foto colorida, a Igreja de N. Sª. da Piedade.
A Rua Goiás, uma das principais do bairro, margeia a linha do trem, e aqui está em foto do início do século passado, vendo-se o sugestivo nome da loja, em primeiro plano, à esquerda: "Ao Novo Século."
Essa foto é muito antiga, pois nem existia o sobrado que meus avós construiram nem sei em que ano...
Meu avô e os filhos tiveram essa loja - Colchoaria Goiaz, antes de ter a loja que tinham quando eu nasci...
Praticamente no mesmo ponto, a Rua Goiás nos dias atuais, com asfalto, trânsisto e faixa para pedrestre. No canto direito, a escadaria da Estação.Rua Goiás, nos idos dos anos 40. Eu e meu primo muito querido, ao lado da loja da família.
Outro ângulo da Rua Goiás, vendo-se, à esquerda, a escadaria da Estação. Ônibus antigo e muita tranquilidade.
O trem chegou à Piedade em 17/04/1873, e com ele vieram o progresso, mais moradores e um problema:
"O lugar ficou conhecido pelo nome de Gambá, pois durante uma viagem, no momento de expansão ferroviária do Império em direção à Zona Norte da cidade do Rio, o imperador resolveu fazer uma parada na região - onde havia muitos gambás - e assim D. Pedro a batizou. Por conta disso, o lugar ficou conhecido como Parada Gambá ou Estação Gambá", explica o historiador André Nunes.
Como o nome Parada Gambá não agradava muita gente, uma moradora do bairro decidiu escrever uma cartinha para o diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil, no fim do século 19. O texto era o seguinte:
"Por piedade, doutor, troque o nome da nossa estaçãozinha"
O apelo acabou dando certo. O diretor respondeu:
"Minha senhora, será feito. E o nome do bairro será Piedade."
Ela gostou, e o bairro ficou assim.
Em 1914 foi fundado o River Futebol Clube, dirigido pelo Ministro Gama Filho, e primeiro clube do jogador Zico.
Uma importante fábrica de refino de açúcar foi criada em 1927, e até hoje funciona.
Como era gostoso sentir o cheiro de açúcar no ar...
Na Piedade foi fundada, na década de 50, a primeira faculdade do subúrbio carioca - Universidade Gama Filho,
Piedade foi o primeiro bairro do subúrbio carioca a ter energia elétrica, e lá morreu Euclides da Cunha.
Dos tempos de Gambá até a Piedade, a vida pela região continua seguindo o ritmo do trem.
OI Flora.
ResponderExcluirCmo é bom ter fotos antigas assim, de onde tu moravas, eu morava no interior e não se tinha esses recursos...
Com isso estou acabando de conhecer a história de Piedade que eu nem fazia idéia de como seria...
Gostei da tua foto comportada de 6 meses...
Obrigada Flora por me fazer conhecer mais um pedacinhno do Brasil...
Um abraço.
Até mais.
Quem diria a Florinha, piedosa, comportadinha e gambazinha.
ResponderExcluirUm primor de montagem, digna das melhores exposições.
Viva a net, que nos traz essas maravilhas.
Oi, Rosan:
ResponderExcluirMinha família era suburbana, não era rica (só remediada, como dizia meu avô materno Adelino), mas sempre cultivou/cultuou a história e as tradições. Cresci ouvindo histórias e vendo retratos. E muitos desses retratos antigos ficaram comigo.
Graças a isso eu hoje posso mostrar um pouco dos tempos idos.
Adoro esse meu retrato de 6 meses! Pareço uma bonequinha. E o lindo vestidinho tenho guardado até hoje!
Beijo
Oi, Bete:
ResponderExcluirAchei muito interessante essa história do nome do bairro.
Tadinho do gambá, ninguém gosta dele...
Aqui em casa eles passeiam o ano inteiro, andando pelo telhado e até vem comer a ração dos gatos !
Gosto deles.
Todas as fotos preto e branco são minhas, e as coloridas tirei da net.
Beijo
Nossa, mãe... Esta foi lá do túnel do tempo mesmo...rs
ResponderExcluirSensação engraçada que tenho quando vejo a rua Goiás... junto à linha do trem... Acho que foi algo que ficou marcado na minha memória, afinal de contas, saímos de lá quando eu tinha 5 anos...
beijo
Sabe, Cláudia, que a Piedade sempre mexeu com minhas emoções ? Já casada, passeando por lá um dia, cheguei a sufocar de tanta emoção. Nem sei explicar o que é , nem porque. Aquele bairro tão antigo, as casas de outras eras...
ResponderExcluirAcho que sinto saudade de um tempo em que nem tinha nascido.
Beijo
O tempo passa mas as recordações vida para sempre as nossas vidas...Como este mundo é misterioso! Um bem haja a vida...tudo de bom!
ResponderExcluirObrigada, Heiligen, pela visita.
ResponderExcluirRecordar é viver, não é mesmo ?
Beijo
Olá Flora, estou fazendo um trabalho para a UGF, e tenho que saber mais sobre a história do bairro da Piedade.
ResponderExcluirEncontrei o seu blog e gostei muito, mas gostaria de saber o ano das fotos, se possível.
Desde já agradeço.
Oi, Selma, só agora arranjei tempo para responder!
ResponderExcluirNão sei a data exata, mas sei que as fotos antigas são da década de 40.
Procurei muito na net, fotos antigas da Piedade e da Gama Filho, que conheci quando ainda era um colégio na Rua Goiás. Infelizmente não encontrei nada da UGF.
Lamento não ter muitas informações para lhe oferecer.
Fiquei encantado com as fotos. Nasci na Goiás em 1977, praticamente no local onde a foto foi tirada. Quase ao lado de uma padaria que não sei se já existia à época. A numeração das casas teria sofrido alguma alteração? Um abraço.
ResponderExcluirOi, AnCaldeira:
ResponderExcluirNascemos na mesma rua, com 33 anos de diferença...
Você nasceu na casa com jardim ? Eu conhecia a família da tal casa, que ficava ao lado da casa dos meus avós.
Tinha a dona Carmen, a senhora mais velha, e seus filhos. Parece que moravam juntos ali, não lembro bem...
Eu saí da Piedade com 3 anos, mas voltei e morei mais 3 anos, de 1969 a 1972.
Obrigada pela visita ao blog e comentário.
Poxa, que incrível isso, hein! Na verdade nasci na casa ao lado (à direita) aonde tem um jardim na foto. Hoje não há mais. Numa casa onde há um grande corredor ficando a casa mais ao fundo... Quando criança após essa casa com Jardim havia uma padaria. Já existia na sua infância? Obrigado e foi um prazer achar seu blog!
ResponderExcluirOi, AnCaldeira:
ResponderExcluirColoquei mais algumas fotos hoje. Numa foto muito antiga aparece um pedacinho da casa com o jardim. E na foto atual a casa sem jardim.
Você ainda mora na casa onde nasceu ?
Quando morei lá, na década de 60/70, tinha a padaria. Antes, não sei.
Abraço.
Olá Flora! Estou encantado com essas fotos. A casa é exatamente essa onde há uma senhora sentada no portão. Eu nasci no hospital da Piedade, e fui direto para a segunda casa, mais ao fundo. Na casa da frente, moravam vários irmãos seu Alípio, Beata, Maria e Pereira (casal). Todos já senhores nos idos de 1977. Convivemos como uma só família (embora apenas vizinhos) até a minha adolescência quando o último deles infelizmente faleceu. É vizinha de fundos de uma casa na rua Leopoldina, que à época tinha mangueiras frondosas, onde eu me aventurava nas temporadas. Hoje elas não existem mais...
ExcluirCasei e me mudei. Hoje quem mora lá são meus pais que foram morar lá, salvo engano, nos idos de 1972.
Infelizmente a Rua Goias de hoje nem de perto se parece com essa linda foto da década de 40. Como eu queria ter vivido ali nos anos 30/40... Hoje praticamente não há comércio. Alguns arremedos. As construções dessa época estão em ruínas inabitadas(inclusive onde era a padaria, onde comprei muitos sonhos, quando criança. Era do seu Fernando à época e a loja do seu Armando, o qual me lembro de nome, mas não o rosto.). A violência na região está impeditiva de qualquer coisa. Essa cena de pessoas em paz, em seus portões não se repete mais...
O que mais me impressionou é que o Portão é o mesmo... O mesmo Portão Preto que me inspirou no texto que segue...
O Reino do Portão Preto
Peço, por piedade, que eu não esqueça de onde vim.
Da casa simples e do Jasmim.
Das mangas pelo chão, da Goiabeira ou Jamelão.
A fábrica com seu som singular...
Último som das árvores que padeceram,
extraído pela serra fria sobre a traidora mesa.
Hoje entendo a força da Jaqueira...
Eu também levantaria as raízes e tentaria correr...
De fato houve um velho, mas, mais que um velho,
em minha memória há 'O Velho'.
Que embora nunca tenha visto,
garanto que é um personagem com cachimbo
e bacamarte de sal.
Sempre alerta e pronto a defender seus domínios e suas mangas!
Amendoeira frondosa, sombra boa e salutar...
Entre ela e o jamelão, forte rede a balançar...
No quarto de quinquilharias,
um pseudo-laboratório de algo parecido com bioquímica.
A sortuda serralheria que mais brincou que serrilhou.
Na chuvarada, os barquinhos de papel pela janela...
Todo um oceano a desbravar...
Pacífico, Atlântico, Índico ou onde a imaginação levar.
Rex, o pequeno cão, batizado num solfejo ímpar de inspiração...
Preto e branco ou branco e preto, não importa...
À despeito de sua estatura, era ele o dálmata que me coube...
E desempenhou melhor seu papel comigo do que eu com ele...
A roda gira, gira mundo, gira a vida
e o tempo se esvai para todos os seres vivos.
Se foi o pequeno Rex.
Longe de mim, mas ainda em sua matilha...
Além dos domínios do Portão Preto é labirinto...
Portão que até então me guardara dos minotauros,
que cedo ou tarde teria que enfrentar...
As Correntes do portão, por sí só indicam quem o fechara...
Basta ver se entrelaçadas, frouxas ou apertadas...
Como segurança nunca é demais,
não esquecer da indispensável argola superior...
Pronto! Lacrada a fortaleza, voltemos à diversão...
Uma rampa, um skate, muito bom senso para desistir...
Me restando, assim, promover à puro sangue árabe
a descascada cerca branca do vizinho...
Nunca mais fui tão veloz no galope...
A Roseira, a Romã, os nomes que nunca gravei...
Toda a flora habita e aflora à minha memória...
Por isso, peço por Piedade.
Que, como bem constatou Buarque,
habita, sim, no avesso da montanha.
Mas abriga o Reino do Portão Preto.
Um reino lúdico que só viu quem quis ver...
André Caldeira
Abraço!
Oi, André, bom que gostou das fotos!
ResponderExcluirE eu amei sua poesia! Emocionante.
Como é o nome dos seus pais?
E quem mora hoje na casa onde os senhores idosos moraram?
Que pena Piedade estar assim... Pelas fotos que encontrei no Google já tinha visto como o bairro foi decaindo, ele que foi tão próspero em outros tempos.
Abraço
Bom dia gostei muito andei em todos estes cantos nasci em Quintino mais brincava em todos estes bairros parabens
ResponderExcluirOi, Alvaro:
ResponderExcluirEu morei poucos anos na Piedade, mas ia sempre na casa dos meus avós que lá moravam.
Quintino tem aquele coreto lindo ! Acho que ainda está lá, não é mesmo? Tomara que sim...
Esses bairros são muito antigos e carregados de História.
Obrigada pela visita e comentário.