segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

FELIZ ANIVERSÁRIO, QUERIDO !


Hoje meu melhor amigo, companheiro de vida, e marido, faz aniversário !

Para homenageá-lo resolvi transpor para aqui uma postagem que ele fez em 2008 e que eu gosto muito.

Ela vai servir para vocês, amigos que acompanham meu blog, entenderem a sintonia que eu e ele temos.

O que ele fala sobre o seu Carnaval, é identico ao que eu falo sobre o meu ! Moramos no mesmo bairro, e temos idades muito próximas. Assim sendo, nossas lembranças são as mesmas !

Parabéns, meu amor !

(O bolo eu já fiz ! Aliás, teve bolo ontem e hoje !!!)

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sábado, 29 de março de 2008

Com medo dos mascarados







O dia mal começara, e o meu coração de criança já estava a bater descompassado no portão da vila onde eu morava.



Cabeça nas nuvens e pés no chão, aguardava ansioso, que passasse o primeiro bonde, o abre alas do meu desfile carnavalesco.



Era sábado de carnaval, quando tudo começava, e nada se comparava, na cabeça de uma criança, com aqueles 4 dias de festa.



Os bondes apinhados de foliões passavam e deixavam gravados nos meus ouvidos, as marchinhas carnavalescas, que serviriam, décadas mais tarde, para me ajudar a recordar os fatos de um tempo que ficou pra trás.



"Chiquita bacana, lá da Martinica, se veste com uma casca de banana nanica", na voz de Emilinha Borba, transporta os meus pensamentos para os idos de 1949 quando, devido à morte do meu avô, eu não saí fantasiado. A fantasia ficou guardada para o ano seguinte, e só então pude sentir-me o herói do carnaval, o mocinho do cinema, de chapéu, lenço no pescoço, camisa quadriculada e revólveres nas cartucheiras.



A minha lembrança dos velhos carnavais, porém, não começa em 49, mas 2 anos antes, em 1947 quando, nos meus tenros 3 anos de idade, registrei e deixei gravadas na memória as marchinhas Pirata da Perna de Pau, na voz de Nuno Rolande, e Odalisca, com Nélson Gonçalves.



"Eu sou o pirata da perna de pau, do olho de vidro e da cara de mau". "Vem odalisca para o meu harém". Com tais palavras, essas duas marchinhas abrem o desfile de carnaval da minha vida. Depois delas, muitas outras haveriam de servir como fundo musical, enquanto os anos se passavam, e os velhos carnavais iam, aos poucos, perdendo a magia.



Do ano seguinte, em 48, me ficou na lembrança o "Cadê Zazá?", com Carlos Galhardo, que cantava "Cadê Zazá, cadê Zazá? Saiu dizendo vou ali já volto já. Mas não voltou, por que, por que será?. Cadê Zazá, cadê Zazá?"



Naqueles tempos, as fantasias da meninada eram destaques dos desfiles na vizinhança. Índio, Aladim, Mocinho e Pirata foram minhas 4 apresentações de gala, antes de assumir os ares de garoto grande, que achava que fantasia é coisa de criança.



Ah, que saudade das lança-perfumes! Que perfume maravilhoso tomava conta das ruas! As lança-perfumes deixavam no ar odores mágicos que seduziam os sentidos e encantavam a alma. Conduzir aquele cilindro metálico dourado nas mãos e lançar o seu perfume nas costas nuas das meninas bonitas era uma ato de ousadia. E quando a menina olhava para trás e sorria, aí então o ego envaidecido tornava qualquer menino um D.Juan sedutor, um herói entre os seus pares.



Na Praça, as barraquinhas de cachorro-quente fritavam as linguiças e misturavam o cheiro das frituras ao odor das lança-perfumes. Nada parecia mais extasiante e encantador, do que sentir aquela mistura no ar, enquanto se assistia os blocos passarem. Na hora da sede, nada de refrigerante ou cerveja, a pedida era beber limonada ou groselha, que eram acondicionadas em potes de vidro arredondados e frisados, que faziam os nossos olhinhos se arregalarem.



Muito mais arregalados, porém, ficavam os nossos olhos de menino, com a aproximação dos temidos mascarados. Morcegos pavorosos, diabos demoníacos e caveiras cobertas com lençóis brancos ou pretos colocavam a meninada para correr, deixando muitas crianças desesperadas, chorando assustadas, diante daquelas mácaras pavorosas. Mas, pensando bem, esse era mais um desafio, dentre tantos outros, que faziam do carnaval uma festa diferente e desafiadora.



E dizer que eram só 4 dias, e que tudo acabava na quarta-feira! As cinzas da quarta-feira eram poeira nos olhos, de todos nós meninos que ficaríamos mais uma vez, durante todo um ano, aguardando ansiosamente, e novamente, o carnaval chegar.

12 comentários:

  1. O meu pai, um dos fundadores do Rádio Clube de Benbuela - Angola, levava-me para a rádio nos anos 40 ao domingo à tarde e ouvia muita música brasileira e recordo-me de "Cadê Zazá?" "Chiquita banana, lá da Martinica..." É engraçado vocês, nesse Brasil distante, recordarem-me muito dos meus belos tempos de África.
    Muita música tradicional brasileira tem raízes angolanas e as rádios angolanas gostam de as tocar. Gostamos muito de bambolear... e de "Remexe, remexe com as cadeiras..." já não me lembro dos versos.
    Um grande abraço de parabéns.
    Micael

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  2. Como estou hoje!... É Benguela e não como escrevi. Minha terra, que me desculpe.
    Mais um abraço de parabéns (quantos mais melhor, não é?).

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  3. Teve bolo mas os aprendizes não comeram nada!
    Belas memórias de outros carnavais. Vossos posts me deixam sempre com sorrisos nos lábios.
    É muito bonito assistir ao um longo e verdadeiro amor.
    Vou torcer para que você consiga participar na Blogagem Colectiva Amor aos Pedaços.
    Os parabéns ao Mestre, já entreguei em mão, lá no Curso :)
    Beijinhos pra você, querida Flora.
    Rute

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  4. Olá!
    Tudo bem?
    Parabéns pelo maridão!
    Temos na vida aquilo que merecemos.
    Dizem os espiritualistas.
    Grande abraço

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  5. Minha querida Flora:
    Volto a dizer que comemoro todos os dias do ano, por tê-la ao meu lado, o que significa ganhar um presente a cada dia.
    Pensar e sentir de modo parecido ajuda bastante, mas não é o suficiente. Enre nós existe aquele algo mais. Até no que não pensamos da mesma forma há admiração e respeito muito grande pelo modo do outro pensar.
    Fiquei encantado com a homenagem.
    Um beijo.
    Gilberto.

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  6. Aaaaahhh!
    Que lindo!!!
    Tanto a postagem e a homenagem da mamãe quanto o comentário do papai...
    Eu tenho tanto orgulho do amor de vcs e do relacionamento que vcs construíram!
    (e ao mesmo tempo me sinto tão incompetente...rs Tô tentando pela segunda vez, vamos ver se agora vai...rs)
    Lembro de conversar com a mamãe, quando eu era adolescente, e saber que ela sentia da mesma forma que eu (ou será que eu sentia da mesma forma que ela? rs): me bastaria saber que alguém que eu amo me ama, acima e além de qualquer outra pessoa, coisa ou situação, para que minha felicidade fosse quase completa. Saber-se amada(o) é uma experiência muito forte, profunda. Para algumas pessoas isso é bobagem, mas para outras, e eu me incluo nesse segundo grupo, a experiência do amor e a sensação de plenitude que ele nos traz, é quase como que ar para respirar, água para beber, comida para se alimentar.
    Acompanhar este amor lindo de vcs nestes meus 44 anos de vida, tb me alimentou muito e me fez confiar de que ele um dia chegaria para mim tb...
    beijo nos dois, que eu amo tanto!

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  7. Pois é, Micael, temos muita ligação com a África sim ! E absorvemos costumes, culinária, música e dança do povo que chegou aqui como escravo e acabou fazendo parte da história, e do povo brasileiro !
    Obrigada pelos cumprimentos ao meu marido.

    Beijo

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  8. Ô Micael:
    Eu pensei que a idade já estivesse embotando minha memória, pois quando li Benbuela estranhei, mas pensei que eu estava esquecida de como era o nome da sua cidade !!!
    Mas foi só um erro de letra.
    Por sinal, já sei que ela é chamada de Benguela, a Cidade Mãe !

    Beijo

    Ótimos os parabéns dobrados !!!
    Beijo

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  9. Oi, Rute:
    Se não fosse essa enorme distancia , e esse imenso oceano que nos separa, os aprendizes estariam aqui conosco comendo bolo !!!

    Beijo

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  10. Obrigada, Primaveril !
    Também acredito que tudo que recebemos é fruto do que merecemos ou plantamos.

    Beijo

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  11. Meu querido amor e marido:

    É o mínimo que posso fazer para homenageá-lo no dia do seu aniversário ! Simples, assim como os dois bolos, mas feito com muito carinho.
    Beijos, querido.

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  12. Minha querida filha nº1:

    Não se sinta incompetente pois sabemos que isso tudo é questão de karma, destino, fado, ou lá que nome tenha !!!
    Quanto a mim, só posso agradecer o que recebi - e sempre lembro da música da Noviça Rebelde que diz:

    ALGUMA COISA BOA
    Em algum lugar do meu passado
    Da minha infância nada feliz
    Se alguma coisa eu fiz de errado, eu sei
    Que alguma coisa certa eu fiz
    Pois se eu cheguei hoje aqui com você
    E tudo mais passou
    Em algum lugar no meu passado
    Eu fiz um bem que ficou

    Nada vem do nada
    Colhe quem plantou
    Em algum lugar do meu passado
    Eu fiz um bem que ficou

    Agora, escrever coisas tão lindas para uma mãe sensível é abusar demais !!!

    Te amo muito, filha número 1 !

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