Outubro chegou, o ano está terminando. Na Teia Ambiental, a rotina do nosso mundo louco proporciona "pano prá manga", pois assunto é o que não falta nos meios de comunicação ! Guerras prá cá, destruições prá lá, confusões no meio e o Homem, pobre Homem, perdido nessa loucura toda.
Decidi mostrar, mais uma vez, essa beleza de documento que é a CARTA DO CACIQUE SEATTLE.
Há mais de um século e meio, em 1855, o cacique Seattle, dos Suquamish, do Estado de Washington, costa Oeste dos Estados Unidos, enviou esta carta ao presidente Franklin Pierce, em resposta a uma oferta para compra do território indígena. As reflexões do líder Suquamish ainda têm uma surpreendente atualidade.
Sempre me emociono ao lê-la, imaginando o mundo do homem vermelho, tão lindo e puro, sendo transformado, perdendo a cor e a poesia...
Vamos à ela ! Quem sabe você não fica emocionado também ?
"O grande chefe de
Washington mandou dizer que quer comprar nossa terra. O grande chefe
assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. É uma atitude gentil da
parte dele, pois sabemos que não necessita da nossa amizade. Vamos pensar na
oferta. Sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e se
apossará dela. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe
Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na
mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas: não perdem o
brilho.
Mas como é possível comprar ou
vender o céu, o calor da terra? É uma idéia estranha. Não somos donos da pureza
do ar e do brilho da água. Como alguém pode então comprá-los de nós? Decidimos
apenas sobre coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo.
Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada floco de neblina nas
florestas escuras, cada clareira, todos os insetos a zumbir são sagrados nas
tradições e na crença do meu povo".
" Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é o mesmo que outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de esgotá-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem nenhum sentimento. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim porque o homem vermelho seria um selvagem que nada compreende".
"Não há paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o som do desabrochar da folhagem na primavera, o zumbir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com perfume de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao ar fétido".
" Se eu me decidir a aceitar a venda, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra".
"Nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Nossos guerreiros vergam sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos doces e bebidas ardentes. Não importa muito onde passaremos nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso povo".
" Sabemos de uma coisa que o homem branco talvez venha um dia a descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira do homem vermelho como do branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa que as outras raças. Continua sujando sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha e à caça. É o fim da vida e o começo da sobrevivência".
" Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos que esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, que visões do futuro oferece para que possam tomar forma os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são desconhecidos para nós. E por serem desconhecidos, temos que escolher nosso próprio caminho. Se concordarmos com a venda é para garantir as reservas que foram prometidas. Lá talvez possamos viver nossos últimos dias".
"Depois que o último homem
vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem
sobre as pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e
praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de
sua mãe. Se vendermos nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como
nós a protegíamos. Nunca se esqueçam de como era a terra quando tomaram posse
dela. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a
para os seus filhos e ama-a como Deus ama a todos nós. Uma coisa sabemos: o
nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. E nem mesmo o homem
branco pode evitar o nosso grande destino comum”.
É isso, meus amigos...
Essa carta faz-nos pensar a vida, observando que tudo que o Cacique previu de ruim, aconteceu.
Mas ainda existe Esperança. Sempre ! Depende somente de nós, de nossas atitudes.
E das conversas que temos com nossos filhos nas longas noites de inverno...
Emocionante, Flora, emocionante ! Impossível não se comover.
ResponderExcluirQue Deus nos proteja !
Beijos !
Vera Scheidemann
OI, VERA, FAZ TANTO TEMPO QUE NÃO NOS FALAMOS !!!
ResponderExcluirQUE ALEGRIA RECEBER SEU COMENTÁRIO !
EU ESTOU BEM AFASTADO DO BLOG, POIS ASSIM COMO QUASE TODO MUNDO, ACABEI USANDO MAIS O FACE PARA OS CONTATOS. ATUALMENTE SÓ ESTOU ESCREVENDO AQUI NO DIA 7 DE CADA MÊS, NA POSTAGEM DA TEIA AMBIENTAL. FICO TRISTE COM ISSO, MAS PARECE QUE NOSSO TEMPO ESTÁ ENCOLHENDO CADA VEZ MAIS...
ESSA CARTA DO CACIQUE SEATTLE É REALMENTE EMOCIONANTE, E NEM QUESTIONO SE É VERDADEIRA OU NÃO, POIS QUEM A ESCREVEU É DONO DE UMA INCRÍVEL SABEDORIA E SENSIBILIDADE.
OBRIGADA PELA VISITA, VERA. MUITO OBRIGADA MESMO !
BEIJO
Querida amiga, Flora!
ResponderExcluirSempre me toca profundamente o coração as palavras de tanto amor e sabedoria ditas pelo chefe Seattle,há mais de 100 anos atrás...Sempre tão frescas, de uma profundiddade tão cristalina e atual!
É realmente impressionante a maneira como ele descreve a intimidade e a valorização da "terra" pelo seu povo, pois para eles, ela nunca poderia ser comprada por ninguém, uma vez que é lugar sagrado dos seus ancestrais. Ou seja, a terra não é simplesmente um "meio" de satisfação de nossas necessidades humanas, mas é acima de tudo parte viva e uma grande irmã da humanidade. E ao longo de todo esse belíssimo texto, ficamos mesmo emocionados e até surpresos com a mentalidade iluminada deste incrível ser humano, que na sua simplicidade e imensa sensibilidade, consegue descrever um fantástico painel da vida que os seres humanos ditos brancos, os "civilizados", escolheram para viver,sem refletir no desenrolar de todas as suas assombrosas consequências para a terra que nos dá, a cada sagrado dia, o aconchego e sustento da nossa existência física e emocional.
Minha amiga, este texto é mesmo um documento muito importante, uma herança de grande sabedoria deixada para todas as gerações humanas do nosso planeta ... Cabe à cada um de nós sempre refletir sobre isso no nosso cotidiano e fazer dela uma das mais belas inspirações para um verdadeiro "viver ecológico".
Um beijo grande para ti e muito obrigada por nos lembrar deste documento tão especial para todos que amam e respeitam esse nosso querido e maravilhoso planeta azul!
Teresa
("Se essa lua fosse minha")
Amiga, voltei para te convidar para dar uma olhadinha lá no meu recente post , sobre os nossos queridos "ipês amarelos"...Postei umas imagens que tinha guardado há algum tempo e lembrei que você poderia gostar...Como sempre,vou adorar a tua visita!
ResponderExcluirBeijos floridos daqui!!!
Teresa ("Se essa lua fosse minha")
Olá, querida Flora
ResponderExcluirHá tanto tempo que não passo por aqui pois tenho viajado muito...
O homem branco não compreende o nosso modo de viver... perfeito!!!
É assim que é...
Só quem já conviveu com indígenas sabe do que a carta fala...
Ninguém mais respeita ninguém a começar dentro da casa, se duvidar, que dirá respeitoà Terra... ao Planeta?!
Bjm de paz e bem
Oi, Teresa, é realmente muito bonita e emocionante essa carta e, para mim, ela é quase como uma "bíblia", ou livro de cabeceira. Acho importantíssimo não esquecermos essas palavras, lembrando sempre que o destino da Terra pode estar nas mãos dos Homens !
ResponderExcluirAdorei suas fotos dos Ipês Amarelos, Teresa ! Eles são de tirar o fôlego e não canso de admirar essa beleza que nos visita todos os anos. Felizmente !
ResponderExcluirObrigada pela sua visita também !
Oi, Orvalho:
ResponderExcluirEu nunca tive a oportunidade de conviver com índios, mas de tudo que já li e vi sobre eles, aprendi que eles são realmente os senhores da terra, com sua forma de viver em perfeita harmonia com ela.
( Falo dos índios verdadeiros, dos que ainda mantém essa forma de vida)
Obrigada pela visita, amiga..
E eu sempre penso "quem é o dono da terra" para querer vendê-la, pagar impostos por ela...Este nosso mundo precisaria mudar tanto!
ResponderExcluirÉ Cris, precisa mesmo... Ou nos adaptamos e aceitamos da maneira como está ! Eu prefiro as mudanças .Obrigada pela visita ao meu blog.
ResponderExcluirJá fui visitar seu Sítio !
Beijo