Possuída por uma onda de nostalgia, coisa que vez por outra me acontece, resolvi transpor essa postagem do Pouso do Lourenço para cá, já que lá onde ela está não recebe muitas visitas...
No meu Museu Particular estão vários cartões-postais antigos e, entre eles, o que foi escrito por minha querida e sempre lembrada tia Maria para o irmão, contando as novidades da Estação de Águas em São Lourenço.
Relendo-o me transporto para um tempo em que nem vivi, mas que sinto como se nele estivesse, mesmo porque, ainda é possível caminhar pelas mesmas alamedas e chegar nas margens do lago onde o Zezinho ia levar pão aos peixes.
Alberto, estimo que estejas bem de saúde. Nós bem, graças a Deus. O Zezinho anda contentíssimo, o parque para elle é o mesmo que um paraizo.
Só tu vendo como elle anda lá satisfeito.
Gosta muito de levar pão para os patos e para os peixes.
As pequenas das fontes ainda se lembram de ti."
Como era preciso tão pouco para que o Zezinho e todas as crianças daquela época fossem extremamente felizes.
... E os adultos também.
Bastava um Parque lindamente ajardinado, um tranquilo lago com suas "gaivotas"*, uma romântica Ilha dos Amores, e toda a liberdade do mundo, que nos proporcionava esse pequeno paraíso mineiro.
* Gaivota era o nome dado às embarcações do lago, atualmente chamadas de Pedalinhos.
O nome Gaivota é muito mais bonito...
Esperávamos pacientemente pela nossa vez, para entregarmos a caneca, pois era comum haver fila.
Até o presidente Getúlio Vargas entrou nessa fila, como mostra o emocionante filme de 1931 que está preservado até hoje, e pode ser visto aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=EtomsaEO95c
Nos tempos idos, onde hoje existe um lindo lago com flores, existia um espaço aberto chamado de "campo da peteca", e lá muitos iam praticar o esporte.
Balanços, muitos balanços, espalhados pelo Parque também eram outro motivo de alegria, apesar das filas de espera.
Caminhar pelo Parque já era "o programa". A manhã ia passando, enquanto podíamos apreciar as flores, desfrutar do ar puro, admirar o belo lago, conviver com os outros veranistas que por lá passeavam, entrar no pequeno bosque e espiar os animais que ali existiam.
Logo chegava a hora de voltar para o hotel, onde o almoço delicioso nos esperava.
E desse modo os dias iam passando, nessa vida simples, leve, encantadora.
Será que as crianças de hoje são tão felizes como nós, os alegres veranistas dos tempos idos ?
Duvido...