Ando muito envolvida, nos últimos tempos, com plantas, coisa que gosto demais de fazer !
Pensando, repensando, arrumando o jardim do meu sítio que ficou abandonado, "entregue às baratas", (como gostava de dizer meu pai) durante esse ano todinho !
Também cuidando do jardim do Caminho do Artesanato, tentando fazer daquele pequeno espaço um verdadeiro paraíso verde e florido !
As fotos são do Parque das Águas de S. Lourenço, lugar de paz e beleza, inspiração para meu trabalho de jardineira !
E, no meio dessas atividades prazerosas, apesar de cansativas, fico observando o quanto as pessoas desprezam as plantas, jardins, flores...
Como elas desconhecem coisas básicas, que deveriam ser do conhecimento de todos.
Que incômodo enorme sentem quando encontram capim, grama, ou qualquer outra coisa verde no meio do calçamento ! São capazes de aceitar lixo no chão, mas capim, jamais !!!
Fui então reler, mais uma vez, algumas palavras do JOSÉ LUTZENBERGER, agrônomo e ecologista que participou ativamente na luta pela conservação e preservação ambiental.
"Existe entre nós uma incrível alienação
diante da Natureza em geral e das árvores em especial, um
desconhecimento diante de como elas crescem, do que elas precisam, do
contexto do qual fazem parte, de como reagem a maus tratos.
Situação muito comum: Uma família da cidade
compra um sítio. A paisagem ainda está bastante intacta. Ali existe um
capãozinho, ou um resquício de bosque.
Passam logo a "limpar o mato". Na
maioria de nossas cabeças a palavra "mato" é pejorativa.
A "limpeza"
consiste em retirar toda vegetação arbustiva e herbácea.
Muitos vão
além, "limpam" também o solo, varrendo e queimando todas as folhas
secas. Não fosse tão caro, muitos pavimentariam o chão"
"Os fazendeiros, com raras exceções, não
conhecem a natureza de suas fazendas. A maioria até mora na cidade,
quanto maior a fazenda e mais rico o fazendeiro, mais longe ele mora.
Assim, não se dão conta, e também não se importam, que o excesso de gado
pernoitando dentro dos pequenos bosques tenha o mesmo efeito que aquela
tolice da "limpeza". O gado come todo o rebrote, pisoteia e causa
erosão nas partes inclinadas. Os bosques acabam condenados a desaparecer
ou a empobrecer drasticamente em sua diversidade biológica."
"É muito comum também em sítios, ruas, praças e jardins, caiar os troncos de branco. Acham muito lindo.
E para que pintar de branco? Será para
demonstrar dominação humana?
Parece que
muita gente não gosta de ver natureza livre, desenvolvendo-se de acordo
com suas
próprias leis, nunca olham com atenção um tronco de árvore.
Tudo deve
ser ordenado, regimentado, colocado em camisa de força. Assim, quando
plantam número maior de árvores, é quase sempre em formação geométrica,
como pelotão militar, medido à trena!"
"Uma das demonstrações mais eloqüentes de
quão pouco a maioria das pessoas observa de perto e dialoga com as
árvores, é a "poda" anual, uma mutilação arbitrária, violenta, que um
sem número de prefeituras, especialmente em cidades pequenas - onde
seria de se supor que as pessoas tivessem mais sensibilidade diante da
Natureza - ainda infligem às árvores de rua e mesmo em praças."
"Alguns anos faz, visitei o departamento de biologia de uma de nossas
universidades: no centro do prédio, um pequeno pátio com meia dúzia de
árvores de certo porte, o solo completamente nu e totalmente compactado.
Varriam todas as folhas secas, não distinguiam entre lixo e folhagem
morta, que é a vida do solo.
Não entendem que fator básico da vida
vegetal é a reciclagem da matéria orgânica no solo, que é um sistema
vivo, com enorme complexidade de seres: bactérias, protozoários, algas,
vermes, moluscos e insetos, e alguns animais superiores.
Nem notam que,
em dia de chuva, a folha seca não suja o sapato, em dia seco o tapete de
folhas não deixa que se levante pó.
Estamos acostumados a ver este tipo de tratamento em todas as nossas
praças e jardins, mas, por parte de biólogos, em departamento
universitário...?!
" A alienação diante da Natureza que acima
descrevemos em relação às árvores, entre nós, é apenas um aspecto
limitado da alienação geral da qual sofre a atual cultura industrial
global.
O fantástico e sinfônico processo da evolução orgânica, que já
dura uns três bilhões de anos, que nos deu origem junto a milhões de
outras espécies, foi sempre um processo equilibrado, auto-regulado, que
se mantém pela reciclagem perfeita de todos os seus recursos materiais,
com aproveitamento apenas de energia solar.
A Sociedade Industrial
Moderna faz o contrário: ela vive do consumo de recursos materiais não
renováveis e de energias também não renováveis. Nesta forma ela não tem
futuro. Teremos que aprender a "desfrutar", não a apenas consumir, e a
trabalhar com energia solar.
Todos os nossos esquemas de produção terão
que tornar-se indefinidamente sustentáveis em termos de uso de
materiais e respeitosos da grande diversidade dos sistemas vivos nos
quais terão que enquadrar-se harmonicamente sem apagá-los."
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Como é difícil fazer com que os seres humanos entendam e aceitem essas verdades !
Tentar, eu tento, apoiando-me em palavras de quem sabe o que está falando.
Conheçam aqui José Lutzenberger: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Lutzenberger